sábado, 25 de junho de 2011

Insensato Colocon - capítulo 13

novela de NOXYEMA JACKSON

CAPÍTULO 13

 - Grazy? O que você está fazendo aqui? Como chegou? Veio voando?
 - Digamos que sim, Eduardo... Tive que voar mesmo para chegar até aqui... – diz ela, mascando chiclete, empurrando o bofe para dentro de sua casa, agarrando-o. Ele se esquiva.
 - Ei, calma! Primeiro você vai me explicar o que tá fazendo aqui? Não tô entendendo...
 - Relaxa, amore! Depois a gente bola uma ideia, pode ser? Eu tô louca de tesão! – e ela continua empurrando o bofe, tentando leva-lo para o quarto. Ele, porém, reluta de novo.
 - Grazy, não! – diz enfático. – Primeiro você vai me explicar o que tá fazendo aqui.
 - Aff. Tá bom! Eu vim até aqui pra gente definir o nosso plano. Ele continua de pé?
 - Claro que sim, mas você precisava vir até Ribeirão para tratar comigo desse assunto?
 - Aff, Eduardo! E você queria que a gente se encontrasse lá em Paraíso? Pirô de vez?
 - Tá legal! Senta aí e vamos conversar, mas depois você vai embora. Tô hiper cansado!
 - É?... Cansado?... Sei muito bem o motivo do seu cansaço, viu! Não vá se apaixonar...
 - Fique de boa! Amanhã eu já vou me livrar de duas... A Verusca vai ser fichinha!
 - Acho bom mesmo. Nada pode atrapalhar o nosso plano, Dú! Tô farta do Gonzaga!
 - Será mesmo, Grazy? A Verusca me contou o que vocês fizeram! Sarcástico, viu!
 - Foi mesmo bem perverso, mas a bicha gostou! Mas vamos ao que interessa! E eu não irei embora. Dormirei aqui com você. Não gosto de pegar estrada à noite.
 Vendo que Grazy não mudaria de ideia, Eduardo aceitou a situação e, após definirem a estratégia do plano, ele cedeu à investida da racha, passando a noite junto com ela.

Amanhece. Em Paraíso, Verusca acorda cheia de preocupações: a dívida que tinha que pagar para Gonzaga. Seu prazo estava terminando e ela não sabia o que o “poderoso chefão” poderia fazer caso ela não cumprisse o combinado; a forma estranha de Tyler e o jeito que ele saíra de seu ateliê no dia anterior; o babado que tivera com Eduardo e a esperança de logo revê-lo. Decidiu, mais uma vez, procurar um emprego. Já estava cansada de levar “nãos” na cara pelo fato de ser homossexual, pouca escolaridade e viver em uma cidade pequena. Não tinha jeito para serviço braçal e suas habilidades eram limitadas. Mesmo assim, para levantar o astral, colocou um som bate-cabelo e começou a se arrumar. “Quem sabe hoje eu não tenho sorte?”, pensou com seus botões. Meia hora depois estava na rua à caça de um trabalho.

No colégio católico, Kelly intermedia o debate dos alunos sobre a decisão da presidente da República em suspender a produção do kit anti-homofobia. O assunto estava em voga, assim como a mobilização da bancada evangélica que não quer a aprovação do projeto de lei que criminaliza agressões cometidas contra os LGBTs. A direção da escola primava pela “moral e bons costumes” e, mesmo sabendo disso, Kelly foi até o fim com sua proposta, defendendo a opinião de que o assunto precisa deixar de seu um tabu. De vez em quando pensava em Pérola e em uma maneira de reparar a mágoa que sua companheira estava sentindo pelos olhares que ela dera em Priscila. “Onde eu estava com a cabeça?”, se indagava.

Em Ribeirão, Eduardo e Grazy acordam. Após tomarem banho juntos, o bofe trata logo de despachar a racha. Seu dia estava cheio. Queria procurar um emprego e conversar seriamente com Marisa e Priscila. Telefonou e, ao cair da tarde, iria ao encontro delas.
 Em seu New Beetle, presente de Gonzaga, Grazy voou novamente na pista de volta a Paraíso. O velocímetro ultrapassava os 150. Queria chegar logo e evitar explicações. Inútil. Ao chegar ao sítio, o “poderoso chefão” já a esperava com uma cara nada agradável.
 - Sem meias palavras, Grazy! Onde foi que você passou a noite, hem?

Continua na próxima postagem.
Esta é uma história de ficção.
Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou fatos, terá sido mera coincidência.

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