LUIZ MOTT
Todas minorias sociais tem o seu dia: 8 de março, dia da mulher; 20 de novembro, dia da consciência negra; 19 de abril, dia do índio. Também os homossexuais têm o seu dia: 28 de junho, “dia internacional do orgulho gay e da consciência homossexual”. Em Nova York, San Francisco, Londres, Berlim, e agora também nas principais capitais do Brasil, milhares, milhões de gays, lésbicas, transexuais e simpatizantes saem às ruas, em alegres e multi-coloridas paradas, para proclamar a toda sociedade: “somos milhões, temos orgulho de ser o que somos, estamos em toda parte”.
Junho, também entre nós, é o mês de realização das Paradas do Orgulho Gay. No último domingo, 26, a Avenida Paulista e Rua da Consoloção, em São Paulo, foram a passarela para a realização da 15ª Parada do Orgulho Gay - a maior do Brasil, reunindo um público estimado em 4 milhões de pessoas.
Pesquisas científicas indicam que de cada quatro famílias, uma tem um filho ou parente homossexual, e que os gays e lésbicas representam por volta de 6 a 10% da humanidade 17 milhões só no Brasil. Cientistas e associações médicas e psicológicas também garantem que nada distingue, biológica e psicologicamente, os homossexuais dos heterossexuais ou bissexuais, e que o preconceito contra esta minoria sexual, cientificamente chamado de “homofobia”, além de desumano, revela imaturidade sexual da parte de quem o pratica e contravenção contra os direitos humanos.
Nenhuma lei no Brasil condena a prática homossexual entre adultos; os Conselhos Federais de Medicina e Psicologia garantem a normalidade desta orientação sexual; há cada vez mais renomados teólogos e ministros religiosos que defendem a moralidade desta manifestação de amor. No Governo anterior, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiou a legalização da união civil entre pessoas do mesmo, aceitando de um militante gay e exibindo em pleno Palácio do Planalto, a bandeira do arco-íris, símbolo gay internacional do respeito à diversidade. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal reconheceu as uniões estáveis homoafetivas.
Diversidade que inclui no panteão dos homossexuais célebres, grandes vultos da história humana, como Platão, Alexandre Magno, a poetisa Safo, Tchaikovsky, Mario de Andrade, Cazuza, Cássia Eller, e nada menos que o nosso querido inventor do avião, Santos Dumont, que apesar de não ter “saído da gaveta”, é referido em suas principais biografias como adepto do “amor que não ousava dizer o nome” (Oscar Wilde). Amor que hoje, cada vez mais, milhões de homens e mulheres têm o orgulho de assumir: “é legal ser homossexual!”
Luiz Mott é professor Titular do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia (UFBa); presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB);
membro do Conselho Nacional de Combate à Discriminação do Ministério da Justiça
e da Comissão Nacional de Aids do Ministério da Saúde.
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