sábado, 16 de abril de 2011

Insensato Colocon - capítulo 3



novela de NOXYEMA JACKSON

CAPÍTULO 3
Priscila passara todo o domingo envolta na sua criação. A segunda-feira seria puxada e ela torcia para que o cliente aprovasse o layout da logomarca e fechasse a conta com a Teúdo. Marisa tinha ido ao shopping comercializar suas camisetas temáticas. Havia combinado com a amiga de ir com ela na viagem a Paraíso. Exausta e pensativa, a garota decidi ir contra a razão e liga para Eduardo. Porém, ouve a mensagem: “este celular está fora de área ou desligado”.
 - Onde está este cara? Por que sumiu assim, de vez? – pergunta ela a seus botões.


 Eduardo estava no apartamento de Kelly e Pérola. Dormira o dia todo tão logo chegou da balada. Tentou, mas não conseguiu arrastar ninguém para o motel. Talvez desse uma volta pela cidade logo mais.
 - E este “kit gay”, hem? Está a maior discussão na mídia, no Congresso. Será que vinga?
 - Não sei, Dú! Eu aprovo totalmente este material e independente dele, já abordo o tema da diversidade sexual em minhas aulas. O bullying nesta questão é muito grande...
 - Ah, Kelly, mas você é uma pedagoga, correu o mundo, tem mente aberta. Porém, muitos professores nem sabem como tratar o tema em sala de aula, sem contar pais e alunos que numa pesquisa recente preferem que seus filhos ou colegas não estudem com gays.
 - Isso é verdade, Pérola! A discussão promete e lá e Brasília o trem tá pegando fogo!
 - Eu vi mesmo, meninas, aquele deputado homofóbico tá recebendo diversas manifestações de repúdio às suas declarações! Pô, este país precisa evoluir mentalmente!
 - É... Evoluir mentalmente assim como você evoluiu, não é senhor Eduardo?
 Sorrindo, o bofe concorda com as amigas. Mais tarde, ele decide dar uma saidinha.

 Tyler passou o dia todo na casa de Verusca. A mona relembrou o passado nos braços do rapaz, porém, sentia-se arrependida de ter cedido à tentação. Queria que ele fosse embora.
 - Calma, Vê! Daqui a pouco eu me mando! Deixa eu fazer minha contabilidade aqui...
 - Ok. Termine aí e se manda! Tenho muitas tarefas para fazer ainda hoje!
 - Hummm... Vai sair para caçar? Que fogo, hem! Não foi bom o tranco que te dei?
 - Tyler, não me estresse! O que passou, passou! Eu estou assim por preocupação...
 - É o Mr. Gonzaga, não é? Aposto que é! O que foi dessa vez? Desembucha!
 - Ei, garoto! Desde quando tenho que lhe dar satisfações? Não fique deduzindo coisas.
 - Tá bom! Você pode até não me dizer, mas eu vou descobrir, e se for isso, o bicho vai pegar! Não quero saber de chefão nenhum perturbando a paz de minha “mina”!
 Verusca solta uma gargalhada e, para não continuar o assunto, prefere se calar. No fundo, Tyler estava coberto de razão e, por mais que ela tentasse disfarçar, era nítida a sua preocupação. Teria que resolver o problema com Mr. Gonzaga de alguma forma...

 Algum tempo depois, Tyler vai embora. Alguns clientes haviam telefonado e o bofe iria levar “colocon” para eles. Verusca, então, decide se arrumar e dar uma volta a fim de espairecer a cabeça. A avenida também era boa para pensar...
 Porém, como em tudo na vida existem os prós e os contras, às vezes as pessoas com as quais Verusca encontrava na noite não eram nada agradáveis, faziam chacotas, insultos e até ameaças, como se a profissão mais antiga do mundo e seus seguidores devessem ser banidos da face da Terra. Quando estava inspirada, a mona respondia à altura, não levava desaforo para casa... Mas, quando estava frágil e preocupada, como naquele momento, as forças lhe faltavam e ela era vítima dos homofóbicos e discriminadores. E foi numa situação assim, em que Verusca estava à beira de ser achincalhada na avenida, que um carro chega cantando pneu, luz forte, impedindo a atitude grotesca dos rapazes que estavam a importar a mona.

Continua na próxima postagem.
Esta é uma história de ficção. Qualquer semelhança com nomes,
pessoas ou fatos, terá sido mera coincidência

Nenhum comentário:

Postar um comentário