domingo, 3 de abril de 2011

Insensato Colocon - capítulo 1


Novela de Noxyema Jackson

CAPÍTULO 1

 Praça da Fonte, centro de Paraíso, uma cidade mineira, meia-noite, horas mortas.
 Verusca está sentada em um banco à espera de mais um programa, o 10º daquela noite. Seu coração, porém, estava aflito. A qualquer momento algum “funcionário” de Mr. Gonzaga poderia passar por ali e exigir dela informações, as quais ela não estava a fim de dar...
 Dez minutos depois um Doblô preto passa pela praça. O motorista vê a bicha sentada e faz para ela um pequeno sinal. Toda pomposa e vagarosamente, Verusca se aproxima do belo rapaz ao volante. Uma troca de olhares entre os dois é o bastante para ela adentrar no veículo, que toma rumo desconhecido.

 Não tão longe dali, uma festa bombava numa chácara. O agito iria varar o domingo até por volta da hora do almoço. Duas lésbicas eram as promoters da balada, Kelly & Pérola. Ambas mantinham um relacionamento sólido há alguns anos e, vez ou outra, promoviam o evento para reunir os amigos e dar mais visibilidade ao movimento LGBT. Porém, mesmo toda a segurança contratada para o local, não era suficiente para barrar a entrada de pessoas que iam ao fervo só, e somente só, para fazer negócios... Era o caso de Tyler.
 - Avisa o pessoal aí que hoje eu tô abastecido! – diz ele para um barman, passando às mãos do rapaz uma nota de R$ 50,00. – É uma pequena ajuda pelo seu serviço, ok, brow!
 Dito e feito. Alguns minutos depois Tyler começa a ser abordado de forma discreta por várias pessoas da festa que o procuram para adquirir dele algum “colocon”.

 A alguns quilômetros de Paraíso, mais precisamente em Ribeirão, considerada “a Califórnia brasileira”, Priscila iria passar a noite acordada diante do laptop, tentando finalizar a criação de uma logomarca. Marisa, sua amiga de apartamento, leva para ela um chá de flores.
 - Eu, se fosse você, deixaria isso para mais tarde! Vá descansar que é melhor!
 - Não posso, Marisa! Amanhã tenho que levar isso pronto para o cliente em Paraíso.
 - Eu vou dormir! Já criei dois modelos de camiseta hoje. Estou exausta!
 - Postou no blog?
 - Claro, Pri! É através dele que tenho divulgado e vendido minhas produções!
 - Ai... E o Dú, hem? Onde será que ele está a essa hora?
 - Ai, amiga! Desencana desse cara! Você ainda não sacou que ele só quer te usar?
 - Será? O Eduardo não tem jeito de ser assim... Mas, ficarei mais atenta. Boa noite!
 As amigas se despedem. Marisa vai repousar e Priscila fica lá tentando finalizar o trabalho. A agência Teúdo estava em franca ascensão e ganhar aquela conta renderia um extra para ela. Mesmo envolta na criação, vez ou outra ela parava para pensar em Dú.

 Amanhece. Verusca chegou sete horas em casa. Sexualmente falando, ela estava cansada e satisfeita, mas seu coração permanecia vazio e aflito. Seu último relacionamento amoroso tinha sido frustrante e ela tentava curar um amor com outro, mas homem, com “H” maiúsculo, parecia um produto em extinção. A maioria era cafajeste, canalha, interesseiro, moleque, sem pegada, tipos que ela estava a fim de excluir dos seus babados.
 Diante do espelho era começa a tirar a maquiagem. Levaria alguns minutos para se desmontar e, depois, repousar. Queria dormir como uma princesa e sonhar com um príncipe encantado. Porém, alguns instantes depois, fortes batidas são dadas em sua porta. Com cara de desânimo e demonstrando certa inquietação, ela vai abrir, mas antes pergunta quem é.
 - Abre aí, Verusca. Sou eu!
 A mona reconhece aquela voz e abre a porta seriamente. Era Tyler.

Continua na próxima postagem.
Esta é uma história de ficção. Qualquer semelhança com nomes,
pessoas ou fatos, terá sido mera coincidência.

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