segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Não Gosto de Meninos"


Não Gosto Dos Meninos é um projeto inspirado na campanha internacional “It Gets Better” que reuniu, durante 12 horas, 40 pessoas de backgrounds e histórias de vida completamente distintas com um objetivo comum: se mostrar. É uma iniciativa brilhante e que não acontece isolada, a temática já não é mais tão tabu como já foi, por exemplo: nos anos 90′, existe uma produção considerável de conteúdo desse tipo sendo realizada no Brasil, a fim de desmistificar, descontruir e desestigmatizar a homossexualidade nesse país. O curta é uma obra de André Matarazzo e Gustavo Ferri em uma emocionante iniciativa.

domingo, 29 de maio de 2011

Kit Gay

Abaixo, três vídeos que circulam no You Tube e que compõem parte do "Kit Gay" produzido pelo Ministério da Educação que seria distribuído à mais de 6.000 escolas de Ensino Médio no país - material "suspenso" pela presidente Dilma Rousseff e que gerou grande discussão entre o Movimento LGBT, segmentos religiosos, educadores e a sociedade em geral. O MEC afirma que os vídeos NÃO SÃO "oficiais".




Os vídeos citados acima foram elaborados por um grupo de entidades formado pela Global Alliance for LGBT Education (Gale), a ONG Pathfinder do Brasil, a Comunicação em Sexualidade (Ecos); a Soluções Inovadoras em Saúde Sexual e Reprodutiva (Reprolatina) e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), com supervisão do MEC.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, criticou o material que simula relação homossexual divulgado na internet como sendo de autoria do MEC: "O material que vi circulando não é do MEC. Vários dos materiais que foram distribuídos não são do MEC. Vim esclarecer que não são. A maioria do material que me foi apresentado aqui não é do MEC, estão atribuindo ao MEC um material que não é oficial. Todo ao material do MEC está em domínio público, qualquer pessoa pode fazer o download pelo site do ministério", disse o ministro.

De acordo com o ministro, nenhum material foi distribuído para as escolas e todos devem
passar pela aprovação da Comissão de Publicação da pasta. As cartilhas e os vídeos estão sendo produzidos por uma empresa terceirizada pelo ministério.

Após polêmica sobre o chamado kit anti-homofobia, o ministro Fernando Haddad não descartou na quarta-feira, 25 de maio, que o material possa sofrer alterações. Haddad disse ainda que parte do material recebido pela bancada evangélica da Câmara e divulgado como parte do kit "não saiu do MEC".

Se aprovado pelo ministério, o Kit ( três vídeos sobre transexualidade, bissexualidade e meninas lésbicas) poderá ser repassado para estudantes do ensino médio das escolas públicas.

Insensato Colocon - capítulo 9


novela de NOXYEMA JACKSON

CAPÍTULO 9

- Foi sim, Gonzaga! Mas, me diga? Onde ela está? O que vocês fizeram com ela?
 - Nada demais... Apenas alguns amigos meus que se deliciaram naquele corpo gasto! Eu e Grazy somos fetichistas ao extremo. Adoramos vê-la sofrer, gemer. Ui... Pena que ela teve que voltar a pé. Já deve ter chegado, claro! Agora só quero ver aquele traveco com a minha grana, senão, o castigo será mil vezes pior. Onde já se viu ficar devendo para mim?
 - Você vai querer a minha ajuda para distribuir a mercadoria? Tenho meus contatos!
 - Não sei, Tyler! Será que ainda devo confiar em você?
 - Releve aí, meu! O que fiz foi em defesa de uma pessoa que gosto. Se pudesse, pagaria a dívida da Verusca contigo, mas o que tenho ainda não é suficiente!
 - Ok! Vou lhe dar uma chance. Pode pegar um pouco e levar para uns clientes! Mas ai de você se me passar a perna, hem, moleque! Meus trutas estão na sua cola, morô!
 - Firmeza, Gonzaga! Não vou decepcionar! Então vamos aos negócios... – e eles passam a acertar detalhes da distribuição da “nova” mercadoria pela cidade.

 Após acordarem, Verusca e Eduardo permanecem na cama papeando. A mona não gostava muito quando ele falava de Marisa e Priscila. Ela sentia ciúmes de qualquer racha que se envolvesse com bofes que aquendava. Verusca era extremamente possessiva! Já ele, nem ligava quando ela falava de Eloy. Mais maduro, não se sentia intimidado por um garoto... Mesmo assim, um respeitava os relacionamentos do outro e, a partir deste primeiro encontro sexual, talvez tivessem que superar cada vez mais estas reais presenças.
 - Você foi o máximo! Sua néca odara, arrasa! Superou a muitos que cato na avenida!
 - Kkk... Você deve falar isto para todos! Não caio nesta, ok, minha senhora!
 - Senhora??? Você tá me chamando de velha? Magoei! Eu sou uma lady!
 - Lady Godiva, isso sim! Aquela que “cega” quem ousa olhá-la!
 - E você já ficou cego só com um único babado? Cuidado! Eu sou uma bruxa, hem!
 - Óóóó!!! Então aquele drink era uma poção do amor ou um terrível veneno?
 - Um pouco dos dois... – e deixando as palavras de lado, eles partem para o bis.

 No Jardim Europa, Pérola acorda Kelly com um delicioso café na cama para comemorar o dia em que se conheceram. Porém, Pérola nota certo distanciamento de Kelly...
 - Está acontecendo alguma coisa, meu amor? Não gostou da minha surpresa?
 - Imagina, Pérola! Tudo está simplesmente divino! Estou preocupada com o colégio. Até hoje certos pais insistem em querer que eu saia da escola. Não me aceitam como sou...
 - Coragem, Kelly! Infelizmente a homofobia está em todo lugar! O que deve prevalecer é o seu talento, a sua postura! Você é assumida. E muitos professores e diretores que não são?
 - É... Eu sei... Mas às vezes dá um desânimo. Mas não quero que isso estrague este nosso momento. Só está faltando o Dú aqui... Você viu o clima na sorveteria ontem?
 - Vi isso e muito mais... – ao ouvir estas palavras, Kelly muda o semblante.
 - Viu mais o quê, Pérola? – indaga Kelly, curiosa e preocupada.
 - Não vamos falar disso agora, meu amor! Farei igual ao Eduardo com as suas pretendentes... Outro dia, outra hora, a gente toca neste assunto, pode ser?
 - Hiiii, então é algo a ver comigo? O que eu fiz, Pérola? Pode falar, quero saber.
 - Ok. Já que insiste, eu quero saber. Por que você não tirava os olhos da Priscila? Sei que sou mais velha que você e, por várias vezes, tive medo de lhe perder por alguém mais jovem. Porém, com o passar dos anos, fiquei mais segura de mim. Mas ontem, confesso, senti um frio na barriga... Responda olhando nos meus olhos, Kelly: você está a fim da Priscila?

Continua na próxima postagem.
Esta é uma história de ficção.
Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou fatos, terá sido mera coincidência.

Edição 919

Abaixo a imagem da edição n.º 919 do CULTURA POP GLS, publicada no Jornal do Sudoeste - São Sebastião do Paraíso/MG, do dia 29 de maio de 2011.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Suspensão do kit anti-homofobia provoca manifestações em várias cidades

Brasil se manifesta a partir de domingo pela manutenção de kit anti-homofobia do MEC


A suspensão da distribuição do kit anti-homofobia do Ministério da Educação (MEC) gerou um verdadeiro furor na militância LGBT brasileira, que programou em várias cidades do País manifestações de apoio ao material que pretende erradicar a homofobia no ambiente escolar. São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Santo André são algumas das cidades que vão fazer algum tipo de ato em apoio ao material. Todas elas têm entrada gratuita e são abertas ao público.
Em São Paulo, a movimentação vai ser realizada no próximo domingo, 29. Rola a partir das 13h, até as 16h, no vão livre do MASP, na Avenida Paulista, a manifestação “Por uma escola inclusiva! Kit anti-homofobia já!”. Às 16h começa no Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000 - estação Vergueiro do Metrô) a “Reunião geral para articular uma ação em defesa do Kit Escola sem Homofobia”.

Já no Rio de Janeiro, com articulação do grupo Diversidade Católica, rola também no domingo, a partir das 10h, na orla de Ipanema, a “Caminhada por uma educação sem homofobia”. A concentração será no posto 9.

Brasília também vai fazer barulho contra a suspensão feita por Dilma Rousseff. A “Manifestação a favor do Kit Escola sem Homofobia” via ser feita também no próximo domingo, 29, a partir das 16h, com concentração em frente à Catedral de Brasília, no Plano Piloto.

Em Santo André, Grande São Paulo, a suspensão do kit promete tomar conta da VII Parada do Orgulho LGBT da cidade. A caminhada tem concentração a partir do meio-dia, na esquina da Avenida Dom Pedro II com a Rua Catequese, no centro. A realização é da ABCD (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual).

ABGLT divulga nota oficial sobre suspensão do kit anti-homofobia

Em nota, ABGLT lamenta decisão da presidenta Dilma Rousseff e pede abertura de diálogo

A ABGLT divulgou em nota a sua posição sobre a decisão da presidenta Dilma Rousseff de suspender o kit educativo do Projeto Escola Sem Homofobia, após ceder à pressão das bancadas católica e evangélica. Leia na íntegra:

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, por meio de suas 237 ONGs afiliadas, assim como a Articulação Nacional de Travestis e Transexuais - ANTRA,  a Articulação Brasileira de Lésbicas – ABL, o Grupo E-Jovem, milhares de militantes LGBT e defensores dos direitos humanos,  lamentam profundamente a decisão da Presidenta Dilma de suspender o kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia. A notícia foi recebida com perplexidade, consternação e indignação.

Apesar de entender que houve suspensão, e não cancelamento, do kit,  até porque o material ainda não está disponível para uso nas escolas e aguarda a análise do Comitê de Publicações do Ministério da Educação, a ABGLT considera que sua suspensão representa um retrocesso no combate a um problema – a discriminação e a violência homofóbica – que macula a imagem do Brasil internacionalmente no que tange ao respeito aos direitos humanos.

Este episódio infeliz traz à tona uma tendência maléfica crescente e preocupante na sociedade brasileira. O Decreto nº 119-A, de 17 de janeiro de 1890, estabeleceu a definitiva separação entre a Igreja e o Estado, tornando o Brasil um país laico e não confessional. Um princípio básico do estado republicano está sendo ameaçado pela chantagem praticada hoje contra o governo federal pela bancada religiosa fundamentalista e seus apoiadores no Congresso Nacional. O fundamentalismo de qualquer natureza, inclusive o religioso, é um fenômeno maligno atentatório aos princípios da democracia, um retrocesso inaceitável para os direitos humanos.

Os mesmos que queimaram os homossexuais, mulheres e crentes de outras religiões na fogueira da Inquisição na idade média estão nos ceifando no Brasil da atualidade. Segundo dados do Grupo Gay da Bahia, a cada dois dias uma pessoa LGBT é assassinada no Brasil por causa de sua orientação sexual ou identidade de  gênero. É preciso que sejam tomadas medidas concretas urgentes para reverter esse quadro, que é uma vergonha internacional para o Brasil.

Uma forma essencial de fazer isso é através da educação. E por este motivo o kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia foi construído exaustivamente por especialistas, com constante acompanhamento do Ministério da Educação, e com base em dados científicos. Entre estes são os resultados de diversos  estudos realizados e publicados no Brasil na última década.

A pesquisa intitulada “Juventudes e Sexualidade”, realizada pela UNESCO e publicada em 2004, foi aplicada em 241 escolas públicas e privadas em 14 capitais brasileiras. Segundo resultados da pesquisa, 39,6% dos estudantes masculinos não gostariam de ter um colega de classe homossexual, 35,2% dos pais não gostariam que seus filhos tivessem um colega de classe homossexual, e 60% dos professores afirmaram não ter conhecimento o suficiente para lidar com a questão da homossexualidade na sala de aula.

O estudo "Revelando Tramas, Descobrindo Segredos: Violência e Convivência nas Escolas", publicado em 2009 pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, baseada em uma amostra de 10 mil estudantes e 1.500 professores(as) do Distrito Federal, e apontou que 63,1% dos entrevistados alegaram já ter visto pessoas que são (ou são tidas como) homossexuais sofrerem preconceito; mais da metade dos/das professores(as)  afirmam já ter presenciado cenas discriminatórias contra homossexuais nas escolas; e 44,4% dos meninos e 15% das meninas afirmaram que não gostariam de ter colega homossexual na sala de aula. 

A pesquisa “Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar” realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, e também publicada em 2009, baseou-se em uma amostra nacional de 18,5 mil alunos, pais e mães, diretores, professores e funcionários, e revelou que 87,3% dos entrevistados têm preconceito com relação à orientação sexual e identidade de gênero. 

A Fundação Perseu Abramo publicou em 2009 a pesquisa “Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil: intolerância e respeito às diferenças sexuais”, que indicou que 92% da população reconheceram que existe preconceito contra LGBT e que 28% reconheceram e declarou o próprio preconceito contra pessoas LGBT, percentual este cinco vezes maior que o preconceito contra negros e idosos, também identificado pela Fundação.

Estas e outras pesquisas comprovam indubitavelmente que a discriminação homofóbica existe na sociedade é tem um forte reflexo nas escolas. Eis a razão e a justificativa da elaboração do kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia.

Com a suspensão do kit, os jovens alunos e alunas das escolas públicas do Ensino Médio ficarão privados de acesso a informação privilegiada para a formação do caráter e da consciência de cidadania de uma nova geração.

Em resposta às críticas ao kit, informamos que o material foi analisado pelo Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do Ministério da Justiça, que faz a "classificação indicativa" (a idade recomendada para assistir a um filme ou programa de televisão). Todos os vídeos do kit tiveram classificação livre,  revelando inquestionavelmente as mentiras, deturpações e distorções por parte de determinados parlamentares e líderes religiosos inescrupulosos, que além de substituírem as peças do kit por outras de teor diferente com o objetivo de mobilizar a opinião pública contrária, na semana passada afirmaram que haveria cenas de sexo explícito ou de beijos lascivos nas peças audiovisuais do kit.

O kit educativo foi avaliado pelo Conselho Federal de Psicologia, pela UNESCO e pelo UNAIDS, e teve parecer favorável das três instituições. Recebeu o apoio declarado do CEDUS – Centro de Educação Sexual, da União Nacional dos Estudantes, da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, e foi objeto de uma audiência pública promovida pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, cujo parecer também foi favorável. Ainda, teve uma moção de apoio aprovada pela Conferência Nacional de Educação, da qual participaram três mil delegados e delegadas representantes de todas as regiões do país, estudantes, professores e demais profissionais da área.

Ou seja, tem-se comprovado, por diversas fontes devidamente qualificadas e respeitadas, como base em informações científicas, que o material está perfeitamente adequado para o Ensino Médio, a que se destina. 

Os direitos humanos são indivisíveis e universais. Isso significa que são iguais para todas as pessoas, indiscriminadamente. Os direitos humanos de um determinado segmento da sociedade não podem, jamais, virar moeda de troca nas negociações políticas. Esperamos que a suspensão do kit não tenha acontecido por este motivo e relembramos o discurso da posse da Presidenta no qual afirmou a defesa intransigente dos direitos humanos.

Esperamos que a Presidenta Dilma mantenha o diálogo com todos os setores envolvidos neste debate e que respeite o movimento social LGBT. Da mesma forma que há parlamentares contrários à igualdade de direitos da população LGBT, há 175 nesta nova legislatura que já integraram a Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, e que com certeza gostariam de ter a mesma oportunidade para se manifestarem em audiência com  a Presidenta, o mais brevemente possível.
 
A Presidenta Dilma tem assinalado que seu governo está comprometido com a efetiva garantia da cidadania plena da população LGBT, por meio das ações afirmativas de seus ministérios. Na semana passada, na ocasião do Dia Internacional contra a Homofobia,  a ABGLT foi recebida por 12 ministérios do Governo Dilma, onde um item comum em todas as pautas foi o cumprimento do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT.  Também na semana passada, por meio de Decreto, a Presidenta convocou a 2ª Conferência Nacional LGBT. Porem, com a atitude demonstrada no dia de hoje acreditamos estar na contramão dos direitos humanos, retrocedendo nos avanços dos últimos anos. Exigimos que este governo não recue da defesa dos direitos humanos, não vacile e não sucumba diante da chantagem e do obscurantismo de uma minoria perversa de parlamentares e líderes fundamentalistas mal intencionados.

Esperamos que a Presidenta da República reconsidere sua posição de suspender o kit do projeto Escola Sem Homofobia, para restabelecer a conclusão e subsequente disponibilização do mesmo junto às escolas públicas brasileiras do ensino médio. Esperamos também que estabeleça o diálogo com técnicos e especialistas no assunto. Estamos abertos ao diálogo e esperamos que nossa disposição neste sentido seja retribuída o mais rapidamente possível, sendo recebidos em audiência pela Presidenta Dilma e pela Secretaria-Geral da Presidência da República e que a mesma reveja sua posição.

Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

sábado, 21 de maio de 2011

Edição 918

Abaixo a imagem da edição n.º 918 do CULTURA POP GLS, publicada no Jornal do Sudoeste - São Sebastião do Paraíso/MG, do dia 22 de maio de 2011.

Insensato Colocon - capítulo 8


novela de NOXYEMA JACKSON

CAPÍTULO 8

Emocionada e um pouco confusa, de súbito Verusca dá um forte abraço em Eduardo e começa a chorar. O rapaz leva um susto e fica sem ação, mas depois corresponde ao gesto.
 - Ei! Calma! Por que choras? Eu estou aqui. – diz ele, enquanto afaga o rosto da bil.
 - Me desculpe, eu realmente estou muito nervosa! Mas, entre, sente, fique à vontade!
Assim Eduardo faz. Em seguida, Verusca prepara uns drinks. Os dois começaram os contatos há mais de dois meses pela rede social, porém, somente naquele momento estavam frente a frente. Nas conversas, falavam de si mesmos e de seus problemas. Ele, do relacionamento conturbado com Priscila e Marisa; ela, lamentando o término de namoro com Eloy, seu ex-bofe. Um era conselheiro do outro e, papo vai, papo vem; xaveco pra lá e prá cá; exibições picantes via webcam, o clima foi surgindo, até que combinaram de se ver quando Eduardo viesse a Paraíso. Medições dos pés à cabeça eram feitas por ambos enquanto tomavam o drink e continham os hormônios... Aos olhos da mona, Eduardo era um rapaz perfeito: corpo magro, pele lisa, sorriso bonito, tipo malandro... Na análise do bofe, Verusca nem se parecia com um homem. Minutos depois, ambos deixaram as palavras e partiram para a ação. Por algumas horas, Verusca esqueceu-se de Tyler e Eduardo não pensou em Marisa e Priscila. O babado reinou lindo, nervoso, animal, extasiante. Adormeceram entrelaçados.

 No dia seguinte...
 - Priscila, estou saindo! Vou até àquela ONG ver o pedido das camisetas do arco-íris! Mas antes, me responda: sonhou muito com o Dú ou com a Kelly? Pensa que não notei?
- Aff! Você é porreta, hem! Sacou de cara que aquela lésbica estava me secando?
 - Claro! Mas, um aviso: não vá estragar o relacionamento da Pérola com a Kelly... Elas se amam e, agora, com o reconhecimento do Supremo da união homoafetiva, é bem capaz delas oficializarem o romance sólido que mantém há anos. Pensam até em adotar!
 - Que horror, Marisa! Vê lá se eu vou dar alguma moral para aquela “coisa”? Quanto ao Dú, quero esquecê-lo. Já você, parece que ficou toda contente em ver o bofe!
 - Eeeeuuu??? Ficou maluca, mulher? Eu estava achando graça daquela situação! Mas, voltando ao assunto da Kelly, não gostei do seu tom ao se referir a ela. Que homofobia é essa, Priscila? Foi só uma “comida” literalmente com os olhos. Ela nem se declarou ou te tocou!
 - Ela não é louca. Se fizer isso, cubro aquele sapatão de tapas!
 - “Abra a sua mente, amore”. Quando retornar, talvez seja eu quem ficará noites acordada até tarde criando modelitos para apresentar ao Fabinho San Mon Netty.
 - Já pensou nós duas trabalhando juntas para ele? Será o máximo! Fiquei muito feliz de ele ter aceitado minha criação. Agora é desenvolver tudo e sair à caça de novos clientes!
 - Isso mesmo! Querida, estou indo! Mais tarde a gente se fala, principalmente sobre esta sua homofobia enraizada. Beijos! – e ela sai, deixando Priscila pensativa com o que disse.

 Em Paraíso, no sítio de Gonzaga, o poderoso chefão confere com Grazy o farto carregamento de “colocon” que acabara de chegar. A clientela já estava afoita ligando, algumas bocas estavam desabastecidas, era preciso repassar para faturar logo.
 - Ótimo! Este produto é o que há no momento, bem mais forte. Todo mundo tá querendo experimentar... Você fez um belo trabalho! A viagem foi tranquila, sem nenhum incidente, nenhuma batida dos “homi”... É assim que eu gosto! Agora você está quite comigo pela tentativa de traição em querer ajudar sua amiguinha Verusca a se livrar do castigo que lhe apliquei. Dei uma semana pra aquele traveco me pagar. Espero que este seu gesto estúpido de querer bancar o herói, não se repita, fui claro? – diz ele olhando fixamente para Tyler.
Continua na próxima postagem.
Esta é uma história de ficção.
Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou fatos, terá sido mera coincidência.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

2ª Marcha Nacional contra a HOMOFOBIA em Brasília

Aconteceu na tarde desta quarta-feira (18), em Brasília, a II Marcha Nacional contra a Homofobia. O ato começou por volta das 9h e, às 10h30, já reunia mais de dois mil participantes que ocuparam a Esplanada dos Ministérios. A marcha terminou às 13h, com os ativistas promovendo um abraço coletivo em torno do Supremo Tribunal Federal (STF). A organização declarou que cinco mil pessoas participaram da manifestação.

Diferentemente da marcha do ano passado, este ano praticamente todos os partidos políticos participaram, da direita à esquerda, o que significa, segundo disseram alguns ativistas, uma maior adesão dos partidos à causa LGBT.

Além da senadora Marta Suplicy (PT-SP), quem participou do ato foi o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ). Em sua fala, o parlamentar disse que a marcha organizada pelo pastor Silas Malafaia contra a criminalização da homofobia, que vai ocorrer semana que vem, "será cinzenta e enrustida". Para Alencar, a marcha LGBT é "assumida, colorida e íntegra".

Ao término do trajeto, Angélica Ivo, mãe de Alexandre, assassinado por homofobia aos 14 anos, discursou e agradeceu o espaço concedido pelo movimento e disse que, mesmo com a prisão dos assassinos de seu filho, sua luta e dor não vão terminar.

Após ocupar a Esplanada, os ativistas rumaram para o STF e realizaram um emocionante abraço coletivo, agradecendo aos ministros a aprovação da união estável para casais homossexuais. Para finalizar, o hino nacional foi cantado por todos os presentes.







Tuca Andrada na revista Júnior n.º 28

A revista JUNIOR #28  traz na edição de maio Tuca Andrada no auge da forma física aos 46 anos, Luiz Carlos Lacerda fala sobre a experiência homossexual na indústria cinematográfica, ensaio super sensual com Rafael Berger, dossiê sobre Punks Gays, entrevista com Kelly Key que se prepara para turnê direcionada ao público gay e dicas de Defesa Pessoal. Para comemorar a aprovação da União Civil, veja álbuns de casamentos reais entre casais gays.

A edição #28 da revista JUNIOR está nas bancas de todo Brasil trazendo ensaio de capa com Tuca Andrada, que está na novela Cordel Encantado e na peça Seis Aulas de Dança em Seis Semanas, e mostra porque é um homem de superlativos.
Veja também ensaio super sexy com Rafael Berger, que ganhou páginas adicionais e mais ousadas na versão digital da revista.

Entrevistas com o DJ Andre Queiroz, Luisa Marillac falando sobre a diferença entre os homens brasileiros e europeus e com Kelly Key, que está montando novo show especialmente para os clubes gays de todo Brasil.

Em Bem Estar apresentamos golpes fáceis de aprender para Defesa Pessoal e as frutas que devem ser consumidas para aumentar músculos.

Na seção Moda traz propostas de looks no estilo American Dream e apresenta Acessórios absolutamente necessários.
Em Turismo conheça a cena gay alternativa da moderna Zona Leste de Londres e 10 dicas imperdíveis em Belo Horizonte.
Cenas de casamentos reais entre casais gays comemoram o mês das noivas (e dos noivos) e celebra a decisão do STF sobre União Civil. Casais que  moram em cidades distantes  contam os segredos para manter suas relações. Luiz Mott em Pensata provoca afirmando que“Dilmão tem que falar em cadeia nacional, estimulando brasileiros a respeitar lgbt”.
 A revista JUNIOR é uma publicação mensal da Editora MixBrasil.
A versão digital ampliada está disponível no Zinio.com
O preço nas bancas de todo Brasil é R$12.

sábado, 14 de maio de 2011

Vídeos da sessão do STF - união homoafetiva






2ª Marcha Nacional contra a HOMOFOBIA


Insensato Colocon - capítulo 7


novela de NOXYEMA JACKSON

CAPÍTULO 7

O clima na sorveteria estava mais gelado que os sundaes pagos por Marisa. Olhares eram trocados, porém, poucas palavras eram ditas por todos. Kelly não queria que Pérola percebesse que estava a fim de Priscila. Já Eduardo evitava o diálogo e mantinha-se cabisbaixo.
- Quer dizer então que você conseguiu fechar mais uma conta para a agência?
- Sim, Kelly! Estou muito feliz! O Fabinho San Mon Netty é muito exigente, detalhista ao extremo, mas eu consegui convencê-lo. Ufa! Foram dias e horas para criar aquela logo.
- Agora a Priscila vai poder dormir mais, pois nestes últimos dias varava a noite!
- Verdade, Marisa! Você é super amiga, viu! Obrigada pelos sundaes...
- Eu e Kelly também agradecemos sua gentileza, Marisa! Este sorvete veio a calhar!
- Imagina, gente... Eu só fico triste porque o clima aqui tá mais gelado que o sorvete...
- É mesmo... Também notei... Mas, por que será, hem? – indaga Pérola.
- Nem adianta vocês olharem para mim. – responde Eduardo, quebrando o gelo.
- Ah, mas eu tenho uma pergunta a lhe fazer, Dú: por que você tá fugindo da gente?
- Marisaaa, aqui não, ok! Outro dia, outra hora, em outro lugar a gente tem este papo!
- Xiiii, o tempo fechou! – comenta Kelly! – Meninas, deem um tempo pro Dú, poxa!
- É isso mesmo! Vocês duas ficam me pressionando, me colocando contra a parede, querendo que eu escolha entre uma e outra e, de repente, eu já virei esta página há tempos!
- Ok! Então, se você fez isto, deveria ao menos comunicar, não acha, queridinho?
- Ah, Priscila... Que adianta falar se vocês não entendem? Optei por agir, sumindo...
- Bom... Pelo menos agora nós duas sabemos que o bofe resolveu “dar um tempo”. Não foi tão mal assim tocar nesse assunto, mas já deu. Vamos embora, Priscila?
- Vamos! Pérola, Kelly, foi um prazer revê-las e saber que estão bem. Quando viermos a Paraíso com mais tempo, faremos uma visita para vocês, combinado?
- Nossa! Será um imenso prazer recebe-las! – diz Kelly toda entusiasmada.
- E quanto a você, senhor Eduardo, lá em Ribeirão a gente continua este papo, beleza?
- É... Lá em Ribeirão eu procuro vocês para darmos um rumo final nessa história...
Marisa paga a rodada de sundae e depois das despedidas, sai com Priscila da Sorveteria Spósito. Logo depois, Kelly, Pérola e Eduardo também saem. Todos mudam de assunto.


O dia passa. Era mais de 22 horas e Verusca estava preocupadíssima. Não conseguira nenhuma notícia do paradeiro de Tyler. Mesmo contrariando o pedido da mona, Carlos, o bofe de Adrianny, percorreu algumas quebradas à procura do rapaz. Porém, nada soube. Verusca falava mal e amaldiçoava Mr. Gonzaga de todos os nomes. Paralelo a isto, sua cabeça procurava meios de sanar a dívida que tinha com o “poderoso chefão”. Voltaria a azuelar? Começaria a cobrar pelos programas? Arrumaria um emprego? Pediria emprestado a alguém? Exausta, passou por um sono. Acordou com fortes batidas à sua porta. Desesperada e achando ser Tyler, corre para atender. No entanto, sente alegria e frustração ao abrir.
- Nossa! Pela sua cara eu cheguei num péssimo momento...
- Um pouco... Um amigo meu está desaparecido e estou preocupada com o fato.
- Hummm... A gente tinha marcado, mas... Você quer que eu vá embora?
- Não, não! Pode ficar! Entre! Não há nada que eu possa fazer, exceto esperar. Confesso que tinha me esquecido deste encontro. Também, tantas coisas aconteceram comigo nas últimas horas, que nem sei como estou vida... E, depois, a gente tem se falado tanto pela internet, combinamos que quando você viesse, iríamos nos ver, não é justo não lhe receber!
- Meu dia também não foi legal... De surpresa, encontrei com minhas ex-namoradas. Foi um clima uó. Mas agora eu estou aqui, todinho seu! Vai querer usufruir do seu Dú, ou não?

Continua na próxima postagem.
Esta é uma história de ficção.
Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou fatos, terá sido mera coincidência.

Edição 917

Abaixo a imagem da edição n.º 917 do CULTURA POP GLS, publicada no Jornal do Sudoeste - São Sebastião do Paraíso/MG, do dia 15 de maio de 2011.

ABGLT envia ofício ao SBT cumprimentando pela cena do 1º beijo gay da TV exibido na novela "Amor e Revolução"

Ofício PR 140/2011
Curitiba, 13 de maio de 2011

 
Ao: Sistema Brasileiro de Televisão
e ao novelista Tiago Santiago


Assunto: Cumprimentos por relevante contribuição social em prol da cidadania LGBT na novela “Amor e Revolução”


Prezados Senhores, Prezadas Senhoras,


A ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – é uma entidade de abrangência nacional que congrega 237 organizações congêneres e tem como objetivo a defesa e promoção da cidadania desses segmentos da população. A ABGLT também é atuante internacionalmente e tem status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas.

Vimos acompanhando com interesse, desde a fundação da ABGLT em 1995, a evolução da abordagem da temática da homossexualidade nas novelas e outros programas produzidos e veiculados pelas emissoras de televisão do Brasil.

Neste sentido, ficamos muito contentes com a exibição esta semana pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), de um beijo entre duas personagens do mesmo sexo na novela “Amor e Revolução”, do novelista Tiago Santiago:
http://outroespaco.com/2011/05/a-cena-do-beijo-novela-amor-e-revolucao-do-sbt/

Tal ação histórica é digna dos mais elevados méritos e cumprimentos e do nosso mais sincero e justo reconhecimento em razão de que, com a exibição da cena acima referida, o SBT, através da novela “Amor e Revolução” e da alta sensibilidade e humanidade do autor Tiago Santiago, prestou, na noite da última quinta-feira, 12 de maio de 2011, um grande serviço à cidadania, uma forte e necessária ação de contribuição social que, certamente, contribui para a desmistificação da homossexualidade perante o público em geral, bem como a amenização e – tomara! – a erradicação da homofobia e dos preconceitos contra os milhares de de cidadãos e cidadãs homossexuaiss do nosso País.

Congratulamos o SBT, o novelista Tiago Santiago e as atrizes Luciana Vendramini e Giselle Tigre, que protagonizaram a cena de afeto entre duas pessoas do mesmo sexo. Parabenizamos toda a equipe de profissionais que atuam na novela “Amor e Revolução” que, no capítulo exibido na noite do dia 12 de maio de 2011, contribuíram para a promoção do respeito à diversidade sexual, e a consequente redução do preconceito e da discriminação, educando em relação à diversidade humana.

Renovamos nossos agradecimentos pela atitude ousada do SBT e despedimo-nos.


Cordialmente,

Toni Reis Presidente

A violência simbólica do fundamentalismo religioso

Violência simbólica é um conceito do grande sociólogo francês Pierre Bourdieu. O conceito descreve os mecanismos de opressão entre dominadores e dominados, os primeiros impondo seus valores e culturas sobre os segundos. Para Bourdieu, "a violência simbólica expressa-se na imposição 'legítima' e dissimulada, com a interiorização da cultura dominante, reproduzindo as relações do mundo do trabalho. O dominado não se opõe ao seu opressor, já que não se percebe como vítima desse processo: ao contrário, o oprimido considera a situação natural e inevitável" (Nadime L'Apiccirella). "A manutenção do sistema simbólico de uma sociedade é vital para a sua perpetuação", afirma o sociólogo.

O conceito bourdieuano não me sai da cabeça desde que li os comentários dos leitores desta coluna na sua última edição. É impressionante como os dominados incorporam, sustém e reproduzem o discurso e as práticas dos dominados que os fazem sofrer! A chamada homofobia internalizada - precisamos refinar mais e escrever mais sobre este conceito - nasce desta violência simbólica e é imperceptível ao reprodutor da homofobia, pois é considerada por este como "natural e inevitável".

Para Bourdieu, as instituições sociais são as grandes perpetuadoras destes mecanismos de opressão, a igreja é um deles. É necessário que o povo LGBT, para romper de vez as algemas que ainda os escraviza, pense mais sobre tais estruturas de dominação e os mecanismos usados por elas com o único objetivo de manter "tudo como sempre foi". É a visão do dominador que deseja, para seu próprio benefício em detrimento e prejuízo para os demais - principalmente as chamadas minorias (negros, judeus, ciganos, deficientes, LGBT) manter "tudo como está".

Nós precisamos enxergar o quanto mal causa às pessoas LGBT o discurso religioso de tipo fundamentalista, ao invés de garantir a reprodução do tal discurso - verdadeiro grilhão - na vida de milhares de pessoas, inclusive, nas nossas.

Um leitor que usa o codinome "Boydog" me pergunta: "Você do cimo do seu púlpito aceitaria restrições?" Outro, chamado Rubens, se sentiu "injuriado" pelas minhas palavras! Rosseau escreveu: "O homem pensa que é livre, mas por toda parte está acorrentado!"

Nós não podemos garantir o discurso da liberdade religiosa e da liberdade de expressão, se isso significa garantir a eles o direito de violentar verbalmente as pessoas LGBT, como eu mesmo demonstrei através de comentários de tipo fundamentalista numa matéria que tratava do assassinato de uma travesti. A liberdade religiosa e a liberdade de expressão numa democracia de fato não é, e jamais será, uma carta branca ao opressor para, através do discurso, violentar o oprimido. Liberdade sem responsabilidade é anomia, não liberdade! Assim sendo, é preciso sim e urgente, mecanismos legais que coíbam o discurso violento seja ele laico (como os discursos dos "carecas", envenenado pelo discurso religioso), seja ele religioso (como o dos padres e pastores fundamentalista como Malafaia).

Pierre Bourdieu afirma: "É enquanto instrumentos estruturados e estruturantes de comunicação e de conhecimento que os 'sistemas simbólicos' cumprem a sua função política de instrumentos de imposição ou de legitimação da dominação, que contribuem para assegurar a dominação de uma classe sobre a outra (violência simbólica) dando o reforço da sua própria força às relações de força que as fundamentam e contribuindo assim, segundo a expressão de Weber, para a 'domesticação dos dominados'".

Não pense você que um adolescente gay não sofre consequências gravíssimas - seja psicológica ou física - depois que seus pais saem do culto dominical após terem ouvido por horas um pastor berrando que "homossexualismo é coisa do diabo, um pecado contra o Criador!" Não pense você que uma menina lésbica não sofre graves consequências depois de sua mãe ouvir pela TV ou rádio o discurso de um pastor que diz que homossexualismo (sic) é encosto de demônios.

Não pense você que famílias não são quebradas por tal discurso. Na verdade, tal discurso leva ao suicídio de centenas de pessoas LGBT e outras milhares são expulsos de seus lares e privadas do afeto de seus familiares por conta de tal discurso. Posso entrevistar milhares de pessoas aqui que passaram e ainda passam por um verdadeiro "vale da sombra da morte", justamente por conta da violência simbólica do fundamentalismo religioso!

Sei que sair da caverna é doloroso e que a alteridade é um processo complexo e difícil, contudo, nós, LGBT do Brasil, precisamos, "pra ontem", abrirmos nossos olhos para enxergar o que ocorre com o nosso povo de norte a sul deste imenso país! A omissão, bem como o silêncio conivente, suja nossas mãos com o sangue do nosso semelhante que sucumbe, vítima deste discurso opressor que o adendo redigido pela senadora Marta ao PLC 122, quer garantir.

A fé que professo me faz dizer e agir: "sei que eu não sou livre, enquanto uma pessoa permanecer escrava". Por fim, viva o nosso Supremo Tribunal Federal! 10 x 0 foi emoção demais da conta! Graças ao saber construído, às luzes do conhecimento que liberta, a fome e a sede de justiça somos mais cidadãos hoje que ontem. Viva o Estado laico!

* artigo escrito por Márcio Retamero, 37 anos, teólogo e historiador, mestre em História Moderna pela UFF/Niterói. É pastor da Comunidade Betel/ICM RJ e da Igreja Presbiteriana da Praia de Botafogo. É autor de "O Banquete dos Excluídos" e "Pode a Bíblia Incluir?", ambos publicados pela Editora Metanoia. E-mail: marcio.retamero@gmail.com.

Campanha "Rio SEM Homofobia"

Amor e Revolução - cena do 1º beijo gay da telenovela brasileira


A atriz Giselle Tigre, em entrevista à revista "Veja", falou sobre seu personagem na trama "Amor e Revolução", no ar pelo SBT. Ela e Luciana Vendramini viverão um casal homossexual e gravaram a cena do primeiro beijo gay das novelas brasileiras, exibidio no capítulo que foi ar na quinta-feira, 12 de maio de 2011. "Foi um beijaço, e foi só o começo. Nós duas estamos na expectativa de fazer uma cena de amor", disse.

Críticas de Arnaldo Jabor

Bolsonaro é a essência do machão parado no tempo


Agressores de homossexuais não têm identidade alguma

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Gisele Tigre diz que "foi um beijaço" cena da novela "Amor e Revolução" no SBT

Em entrevista à revista "Veja" desta semana, a atriz Giselle Tigre falou sobre o beijo lésbico do seu personagem na trama "Amor e Revolução", do SBT.

Giselle e Luciana Vendramini protagonizarão o primeiro beijo lésbico da história das novelas brasileiras: "Foi um beijaço, e só foi o começo. Nós duas estamos na expectativa de fazer uma cena de amor", afirmou.

Giselle Tigre contou na entrevista que ficou eufórica por ser pioneira do beijo gay na teledramaturgia, e que nunca tinha beijado uma mulher antes.

Vai ao ar no capítulo do dia 11 deste mês o primeiro beijo gay em uma novela brasileira. A cena será exibida na trama "Amor e Revolução", de Tiago Santiago, no SBT.

Marcela (Luciana Vendramini/foto/esquerda) vai consolar Marina (Giselle Tigre/foto/direita), dona do jornal O Brasileiro.

Marina está triste porque Tiago (Mario Cardoso) não dá bola para ela. A advogada então se aproveita da situação e afirma que conhece uma pessoa homossexual que gosta dela. "Desconfio que essa amiga seja você", retruca Marina.

Marcela dispara que realmente é apaixonada por ela e as duas se beijam. As cenas entre as duas vão se tornar frequentes na novela do SBT.

"Amor e Revolução" vai ao ar às 22h30 pelo SBT.

Após decisão do STF, casais gays registram união estável em cartório

Como já era de se esperar, vários casais gays foram a cartórios do Brasil para registrar suas respectivas uniões estáveis, já que na última quinta-feira (5) o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou por unanimidade sua validade em território nacional.

E os dois casais que ganharam as manchetes nesta segunda-feira (9) são velhos conhecidos da comunidade LGBT. Toni Reis, que é presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais (ABGLT), e seu companheiro, David Harrad, vivem juntos há 21 anos e foram em cartório registrar a união.

A reportagem do portal "R7" acompanhou o casal que conseguiu registrar a união estável no 6º Tabelionato de Curitiba (PR). De acordo com a reportagem, eles foram acompanhados por três advogados. O casal, que desde 2005 tenta adotar uma criança, vai entrar com documentos na Vara da Infância e Adolescência, já que a decisão do STF facilita esse processo.

O segundo casal a registrar a união foi Leo Mendes, que também é ativista da ABGLT, e seu namorado, Odílio Neto. Eles estão juntos há um ano e na manhã desta segunda-feira assinaram uma escritura de união estável no cartório Francisco Taveira, localizado em Goiânia (GO).

sábado, 7 de maio de 2011

Insensato Colocon - capítulo 6


novela de NOXYEMA JACKSON

CAPÍTULO 6

- O que você fez com o Tyler, seu canalha, escroto? – diz ela, tentando se levantar.
 - Isso não é de sua conta. Mais tarde você fica sabendo. Agora, o que eu quero que você saiba o seguinte: esta sua “noite” aqui no meu “xis” e tudo que lhe aconteceu, foi apenas um aviso do pior que poderá lhe acontecer, caso a senhorita continue me engambelando. Você vai embora, não vai dar um pio com ninguém sobre o que aqui se sucedeu e eu lhe dou uma semana para que pague o que me deve, senão, o corretivo virá em dose tripla. Agora vá e a pé!
 - A pé? Você ficou louco? Meu corpo está todo dolorido. Não! Trate de me levar...
 - Rá, rá, rá... Aí você acordou! Se manca traveco! Tá pegando o boi de eu te deixar ir. Pegue suas tralhas e vaza daqui, e nem adianta sair da cidade. Meus homens estão de butuca.
 Entendendo que não adiantaria argumentar, Verusca concorda. Mr. Gonzaga desamarra as cordas. Com muita dificuldade a mona levanta-se do chão, pega sua bolsa e sai. Do sítio até a cidade eram alguns longos quilômetros. Tentaria pedir uma carona na estrada, porém, o que encontrou pelo caminho foi poeira, pedregulhos e mato. Andou bastante.


 Na cidade, Fabinho San Mon Netty aprova com ressalvas a logomarca criada por Priscila. A garota ficou radiante por ter conseguido mais uma conta para a agência Teúdo. O empresário do ramo de lingerie convida Priscila e Marisa para conhecerem sua fábrica e, depois, leva as duas para almoçar. Marisa aproveita a oportunidade para falar com Fabinho de suas camisetas customizadas. Mon Netty fica muito interessado no portfólio que vê.

Após o almoço, Priscila e Marisa vão dar um giro pela cidade. Param na Sorveteria Spósito, a mais tradicional de Paraíso e é lá que, sem esperar, acabam encontrando Eduardo na companhia de Pérola e Kelly. O olhar de todos se entrelaçam. Depois de muitos anos, Kelly olha para Priscila com olhos de desejo. Ela estava linda! A garota percebe a flechada. Já Marisa não tira os olhos de Eduardo, que não sabe o que diz e o que faz diante da surpresa.
- Nossa! Vocês em Paraíso? Como estão? – diz Pérola, quebrando o gelo, beijando e cumprimentando Priscila e Marisa.
- Estamos ótimas, Pérola! E vocês? Não sabíamos que Eduardo estava na cidade...
- Pois é, Priscila! Vim aqui visitar minhas amigas... E vocês? O que fazem em Paraíso?
- Vim visitar um cliente... – responde ela olhando fixamente para Eduardo.
- E já que nos encontramos aqui e estamos numa sorveteria, eu pago a rodada de sundae para todos! Que tal? – sugere Marisa, achando o máximo aquela situação e querendo ver o circo pegar fogo. O convite é aceito.


Em seu ateliê, após tomar um longo e bom banho de sais, Verusca tenta se recuperar do acontecido. Sua cabeça não parava de pensar em meios de se livrar daquela situação. Gonzaga não estava de brincadeira. Um pouco de sua preocupação se desfaz quando recebe a visita de Adrianny, sua melhor amiga que estava de volta, acompanhada de Carlos.
As duas se dão um longo e caloroso abraço. Após contar detalhes da viagem que fizera com Carlos, Adrianny passa a ouvir todo o martírio de Verusca.
- Eu sempre te avisei, amiga. Este negócio de mexer com “colocon” não dá certo. Eu tenho umas economias, mas este valor que você deve para este cara, não consigo arrumar...
- Ah... Eu vou pagar o que posso! É melhor para ele um pouco do que nada. Minha maior preocupação é com o Tyler. Tenho medo de o Gonzaga ter feito algo grave com ele.
- Se você quiser, eu posso fazer “uns corre” nas quebradas para ver se acho ele.
- Obrigada, Carlos, mas eu não quero mais gente envolvida neste problema. Tenho fé nos elementos! Mais cedo ou mais tarde ele há de aparecer... Só espero que bem...


Continua na próxima postagem.
Esta é uma história de ficção.
Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou fatos, terá sido mera coincidência.

Edição 916

Abaixo a imagem da edição n.º 916 do CULTURA POP GLS, publicada no Jornal do Sudoeste - São Sebastião do Paraíso/MG, do dia 8 de maio de 2011.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

STF julga por unanimidade a favor da união civil entre casais homoafetivos

Para a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT - é uma vitória para a igualdade de direitos.

 “O amor que não ousa dizer seu nome” (Oscar Wilde), finalmente tem a sua vez no Brasil. Nesta quinta-feira, 05 de maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal julgou a favor da união civil entre casais homossexuais.

Em seus discursos, os/da ministros/as da corte se fundamentaram nos preceitos fundamentais da Constituição, em especial a igualdade, a liberdade, a dignidade da pessoa humana e a proteção à segurança jurídica.

A decisão significa que agora no Brasil os casais do mesmo sexo têm os mesmos direitos que os casais heterossexuais.

O julgamento foi acompanhado por autoridades do governo federal e suas equipes, incluindo a Ministra Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República; o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; o Advogado-Geral da União, Luís Inácio Lucena Adams; o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel; bem como a Senadora Marta Suplicy – defensora de longa data da causa LGBT; e o Deputado Federal Jean Wyllys.
 
O julgamento do STF ocorreu em razão da  Aguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 132/RJ e a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4277. A primeira foi apresentada em 2008 pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro a fim de garantir que funcionários estaduais do RJ que mantivessem relações homoafetivas estáveis também pudessem ter os todos os benefícios de licença, previdência e assistência decorrentes de união estável heterossexual. A segunda foi interposta pela Procuradoria Geral da República em 2009 e requereu o “reconhecimento, no Brasil da união entre pessoas do mesmo sexo, como entidade familiar, desde que atendidos os requisitos exigidos para a constituição da união estável entre homem e mulher; e (b) que os mesmos direitos e deveres dos companheiros nas uniões estáveis estendem-se aos companheiros nas uniões entre pessoas do mesmo sexo”.


Para Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT  “a decisão do STF é uma vitória para a democracia. Ninguém saiu perdendo com a decisão, nem os opositores, mas um segmento significativo de brasileiros e brasileiras ganhou o acesso à igualdade de direitos garantida pela Constituição Federal e até então negada a casais do mesmo sexo. O STF deu um belo exemplo para o Congresso Nacional, que não avança com a matéria desde a primeira vez que foi apresentada em 1995, com o Projeto de Lei  1151/95, da então deputada e atual senadora Marta Suplicy. Essa é uma mais uma vitória na batalha contra desigualdade. Continuaremos a cobrar do Congresso Nacional a criminalização da homofobia e o reconhecimento do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.”

Em nome da ABGLT, Reis estendeu agradecimentos ao Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral e equipe, pela postura e iniciativa de entrar no STF com a ADPF 132/RJ; à Dra. Deborah Duprat e à Procuradoria-Geral da República, que apresentou a ADI 4277; ao Ministro Ayres Britto, relator das duas ações,  pelo parecer favorável; aos Amici Curiae que deram sustentação durante a sessão do STF no dia 4 de maio; ao Presidente Lula e à Presidenta Dilma e suas equipes, que se posicionaram favoráveis ao reconhecimento da união civil entre pessoas do mesmo sexo; aos/às ministro/as do Supremo Tribunal Federal que deram seu julgamento favorável; ao  movimento LGBT por seu desempenho de longa data em prol dos direitos iguais; aos/às apoiadores/as da causa LGBT; aos meios de comunicação pela cobertura dada ao julgamento pelo STF e pela cobertura que têm dado aos casos de violência e discriminação contra pessoas LGBT; e ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pela iniciativa de contabilizar os casais homossexuais no Censo de 2010, contribuindo de forma fundamental com um dado concreto evidenciando a inegável existência de pelo menos 60 mil casais do mesmo sexo no Brasil.

Aos amici curiae opositores: a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e a Associação Eduardo Banks, Reis afirmou que “não queremos destruir a família de ninguém, queremos sim constituir uma família da nossa forma”.

Para Maria Berenice Dias, presidenta da Comissão da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB, que atuou na condição de amicus curie do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM, “é de enorme significado o julgamento da ADI 4277 e da ADPF 132, pois o acolhimento das demandas irá retirar da invisibilidade lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. O reconhecimento das uniões homoafetivas como entidade familiar supre a perversa omissão do Legislativo que, por puro preconceito, tem deixado fora do sistema jurídico a população LGBT. O STF referendou a jurisprudência que vem se cristalizando em todas as justiças, garantindo a proteção à segurança jurídica de forma igual ao que já existia para os casais heterossexuais.”

Na opinião do advogado Roberto Gonçale, da Ordem dos Advogados - seccional Rio de Janeiro, “o julgamento, na instância máxima da Justiça brasileira, destas duas ações versando sobre temas dos direitos e deveres decorrentes de relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo é um avanço extraordinário. Corresponde a uma necessidade de parcela significativa da população brasileira, que tem orientação sexual não heterossexual, pois é em decorrência da orientação sexual que esta população se via impedida de exercer regularmente direitos e deveres vivenciados por heterossexuais.”

A 2ª Marcha Nacional Contra a Homofobia terá sua conclusão em Brasília nos dias 17 e 18 de maio, no Dia Internacional de Combate à Homofobia. Em virtude da decisão histórica de hoje, a Marcha terminará com o 1º abraço homoafetivo ao Supremo Tribunal Federal.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

Toni Reis, presidente da ABGLT: 61 8181 2196

Irina Bacci, vice-presidente da ABGLT: 11 9259 8621 / 7625 2741 / 8672 8192 / 2613 8288

Carlos Magno, secretário de comunicação da ABGLT: 31 8817 1170 / 3277 6908

Maria Berenice Dias, ex-desembargadora do TJ/RS e especialista em Direito Homoafetivo: 51 9155 5581 / 51 3019 0080

Roberto Gonçale, OAB-RJ : 21 2531 1326 / 2531 2804 / 9805 0734