sábado, 21 de janeiro de 2012

Livro resgata 5 anos de história da imprensa gay no Brasil


A imprensa gay no Brasil ganhou um livro que a resume de forma satisfatória e com uma linguagem que vai além dos termos usados no meio jornalístico. Na obra de título autoexplicativo “Imprensa Gay no Brasil” (PubliFolha), a jornalista e pesquisadora Flávia Peret resgata meio século de história desse segmento do Jornalismo de forma cronológica e bem organizada, levantando os fatos que realmente importaram para essa construção ao longo de 50 anos.

São 136 páginas que misturam reportagem e ensaio para falar das publicações que surgiram para informar os LGBT do Brasil, mas que, além disso, ajudaram a construir a identidade do homossexual brasileiro e principalmente uma maior tolerância à diversidade sexual, incontestavelmente maior nos dias atuais do que nos anos 60, quando começaram a circular as primeiras folhas do que hoje se chama de imprensa gay.

Com datilografia e mimeógrafo, jornalistas, militantes e simpatizantes começaram a usar uma linguagem própria para definir os periódicos, que não tinham uma larga e fácil distribuição como hoje, além de bater de frente com a ditadura militar, e exigiam as mais eficientes manobras para chegar aos homossexuais brasileiros. Flávia observa no primeiro capítulo que “mesmo sob forte controle da ditadura, alguns jornais conseguiram criar pequenas ilhas de resistência – barricadas de tinta e papel – à censura”.

A pesquisadora elenca ainda o jornal “Lampião da Esquina” como um dos mais importantes já existentes na história da imprensa feita por e para os gays. Em entrevista à autora, um dos editores da publicação, João Silvério Trevisan, relembra o surgimento do “Lampião”: “Nesse dia nasceu a proposta de criar um jornal feito por e para homossexuais e que tivesse um ponto de vista bem marcado sobre a questão dos direitos gays”.

Ao percorrer o caminho de informação e construção da imprensa colorida no Brasil, Flávia resume também um pouco da história de mobilização do movimento homossexual brasileiro, sem deixar de relembrar as publicações de forte cunho militante, algumas feitas pelos próprios grupos de defesa dos direitos LGBT, e mostra a importância que a comunicação teve, tem e ainda terá para que as pessoas não-heterossexuais possam se expressar, se informar e se inserir na sociedade sem causar reações violentas e preconceituosas.

A revista Junior e o portal MixBrasil não deixam de ter sua importância nessa história reconhecida e aparecem no livro como importantes indicadores atuais do tamanho da demanda por informação que o homossexual brasileiro tem. Flávia lembra que “quando o assunto é mídia gay na internet, o Brasil é pioneiro em uma série de iniciativas, como a criação, em 1993, do MixBrasil, o primeiro portal gay da América Latina”.

“Imprensa Gay no Brasil” resgata a história para analisar o momento atual por qual passam os meios de comunicação que produzem conteúdo LGBT. E aponta para um futuro cada vez mais conectado. “Além dos sites, existem milhares de blogs nos quais as pessoas podem se expressar e trocar informações, constituindo importante espaço de discussão, experiência e, principalmente, afirmação de identidade sexual.”

SERVIÇO: "Imprensa Gay no Brasil" - Flávia Péret. Editora: Publifolha, 136 páginas. Preço R$ 15,90.

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