quinta-feira, 28 de junho de 2012

28 de Junho: Dia do Orgulho Gay e da Consciência Homossexual


texto de LUIZ MOTT (antropólogo e professor da Universidade Federal da Bahia)

Todos os oprimidos têm um dia de luta: 8 de março, Dia da Mulher; 19 de abril, Dia do Índio; 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Faz sentido existir também um Dia dos Homossexuais? Sim! Os gays  também têm seu dia - 28 de Junho. Os gays,  lésbicas, travestis e transexuais  representam mais de 10% da população mundial. No Brasil são  mais de 20 milhões de seres humanos desprezados, discriminados, violentados, assassinados. Só nos últimos 30 anos mais de 3500 homossexuais foram barbaramente executados, vítimas da homofobia - a intolerância à homossexualidade.

POR QUE UM DIA DA CONSCIÊNCIA  HOMOSSEXUAL?

Tudo começou em  28 de junho l969, em Nova York, quando os homossexuais, cansados de apanhar da polícia, que toda noite invadia seus espaços de lazer,  reagiram e ganharam a batalha contra a prepotência policial. Nos anos seguintes, os LGBT do mundo inteiro adotaram 28 de junho como o “Dia do Orgulho Gay”, também chamado de DIA DA CONSCIÊNCIA HOMOSSEXUAL. No Brasil, desde 1981 o Grupo Gay da Bahia comemora  esta data, e nos últimos anos, as paradas LGBT se  espalharam pelo resto do país. Mais de um milhão de pessoas participam todos os anos das paradas de SP, RJ,  Salvador, Fortaleza.

POR QUE NÃO TER  VERGONHA DE SER  E DEFENDER  O HOMOSSEXUAL?

Foram necessários muitos anos de resistência, luta e contestação para que chegasse um dia, na década de 60, em que os negros pudessem declarar: “Negro é bonito!”. Serão necessárias ainda quantas gerações para que todas as pessoas reconheçam que  mulheres e homossexuais devem  ter  os mesmos direitos, que a cor escura da pele do índio  ou do negro não implica em inferioridade? Não existe raça superior, não existe sexo superior. Ser homossexual não é doença: desde l985 o Conselho Federal de Medicina, desde 1993 a Organização Mundial da Saúde  e desde 1999, o Conselho Federal de Psicologia excluíram  a homossexualidade da classificação de doenças. Ser homossexual não é crime e teólogos modernos defendem que o amor entre pessoas do mesmo sexo não é pecado. A discriminação sim é proibida pela  Constituição.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

novela "Avenida das Bil" - capítulo 6


escrita por NEX SLIM SUMMERS.
Esta é uma estória de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou fatos, terá sido mera coincidência.

CAPÍTULO 6

O clima estava meio tenso, por isso as monas resolvem ir embora. Adryan e Teodoro percebem que Raven não ficou bem com os comentários de Sérgio, uma vez que a bil teve que se calar para evitar mais problemas. Daniel não estava nem aí com o acontecido e sua obsessão por Sérgio passava de todos os limites, fazendo-o não se importar com ninguém.
A noite já era. Raven vai pra casa assistir TV até a vinda do sono. Porém, uma batida à na porta muda seus planos.

Na avenida Zezé Amaral, Daniel segue seu caminho indo pra casa quando vê o carro de Sérgio. Para quando o bofe estaciona.
- Sabia que você viria atrás de mim...
E antes que a mona pudesse falar mais alguma coisa, o bofe dá-lhe um baita soco.
- O que você pensa que esta fazendo?
- Isso é o único toque meu que você terá e, se você não parar com estas insinuações pro meu lado, da próxima vez seu amigo traveco, como agora, pode não estar por perto, aí pode ser que você não leve só um soco.
E sem dizer mais nada o bofe sai deixando a mona ao chão.

Longe dali, na casa de Adryan, ele e Teodoro discutem os últimos detalhes da nova festa que o DJ planeja fazer com o apoio de Teodoro.
- Amanhã podemos ir ate o Centro Social Urbano 2 para vermos melhor o local e acertarmos os últimos detalhes.
- Por mim tudo bem, Teodoro! A que horas podemos ir? Lá pelas duas da tarde pode ser?
- Por mim tudo bem. Agora vou indo porque amanhã é cedo.

Na casa de Raven, a mona vai atender a porta. Era Wesley, que entra sem dizer nada. Ao chegar até o quarto da mona, ele tira a roupa e se deita na cama de Raven, como sempre, sem dizer nada. Quando a bil chega até a porta e vê aquele bofe maravilhoso em sua cama, ela também não diz nada. Solta o robe, se arrasta sobre a cama, deslizando suavemente suas mãos sobre as pernas do rapaz e com seus lábios, acaricia sua barriga ate chegar à boca. Nesse momento, ela apaga a luz. O que se segue são horas de muito sexo.
- Você vai embora?
- Tenho que trabalhar cedo! – diz Wesley.
- Eu te acordo! – fala Raven, enquanto faz carinhos no rapaz...
- Você não sabe o que é “não”! Oua!
E sem dizer mais nada e não querendo contrariar o rapaz, a mona acompanha-o até o portão. Ela diz “tchau”, mas Wesley nem responde e sai. Neste momento, Raven se surpreende com uma visão do outro lado da rua. Era um rapaz que há muito tempo ela não via. Ele atravessa e vem em sua direção. Ela se cala.
- Pensei que este cara não ia embora! Agora vai ser sempre assim?
- Você sabe que estarei aqui pra sempre!

20 anos antes

Parquinho da Lagoinha.
- Oi, você quer uma pipoca?
- Não, obrigado! Foi minha mãe que te vendeu!
- Verdade?
- Sim...
- Você quer ir no balanço?
- Você empurra?
- Claro!
- Vamos, então!
- Qual é o seu nome?
- Rafael e o seu?
- Elvis! Posso te pedir uma coisa?
- Fala...
- Não empurra muito alto, ok!
- Tudo bem...

Uma hora depois.
- Onde você mora? – pergunta Rafael.
- No San Genaro e vocꬬ?
- Nossa! Eu também... – e ambos caem na risada.

Continua na próxima semana.

Edição 974


Abaixo a imagem da edição n.º 974 do CULTURA POP GLS, publicada no Jornal do Sudoeste - São Sebastião do Paraíso/MG, do dia 24 de junho de 2012.





sábado, 16 de junho de 2012

novela "Avenida das Bil" - capítulo 5


novela de NEX SLIM SUMMERS
Esta é uma estória de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou fatos, terá sido mera coincidência.

CAPÍTULO 5

Um ano depois...
Avenida Oliveira Rezende, 23h17.
Em um ponto de ônibus ao lado de um centro esportivo, Raven Rol fazia programa. Só que ela nem sempre estava sozinha. Algumas monas, de vez em quando, passavam por lá, ora para disputar o ponto com a bil, ora para bater papo com ela, às vezes, atrapalhando seus esquemas...
Neste dia, quem estava com Raven era Daniel. Os dois se conheceram numa festa promovida pelo DJ Adryan Rose, onde Raven tinha sido hostess. Daniel sempre passava na avenida e, papo vai, papo vem, passaram a ser “amigos”.
A conversa rolava solta quando as monas são surpreendidas por um carro que para no ponto. Era Teodoro e Adryan. Eles descem e começam a colocar as fofocas em dia, além de apreciar o movimento na avenida.
Minutos depois, quem passa dentro de um carro cheio de garotas é Sérgio. Daniel fixa o olhar no bofe, que faz um gesto obsceno com o dedo para ele. Teodoro ri ao ver que o rapaz mandou a mona para aquele lugar...
- Bil, o Sérgio ainda vai te matar. Você não para de mexer com ele.
- Ah, Teodoro, se ele for me matar, que seja de amor, na cama. Lá ele pode fazer comigo o que quiser! – responde Daniel aos suspiros.
Neste instante, o carro onde Sérgio estava retorna e para próximo ao ponto das monas, que ficam surpresas com a volta do rapaz.
- Oi, Teodoro! Como você está? Pelo visto, ainda andando com más companhias... – diz ele, olhando fixamente para Daniel.
- Ué, Sérgio... Depende do ponto de vista estas companhias, né... Eu diria o mesmo das suas amigas, mas... como gosto a gente não discute... Tá tudo bem com você?
- Estava, até agora... – responde ele, furioso.
- Eu sabia que você ia me ver e não ia aguentar passar direto! – apimenta Daniel.
- Não me lembro de ter falado com você, boneca!
- Então você voltou aqui para quê? – pergunta Daniel.
- Se você não percebeu, voltei para falar com o Teodoro.
- Abraça! Que desculpa mais amarela. Desculpe, amore, mas sei que você é louco por mim , só não tem coragem de admitir.
- Mas que bicha doida! – grita o bofe, querendo partir para a violência. Mas, neste momento, Raven entra no meio da discussão.
- Pode parar rapaz! Se eu fosse você, não dava mais nem um passo!
- E eu, se fosse você, não se metia onde não foi chamada, travecão!
- Meu querido, vou agir calmamente com você! Nós estávamos aqui quietas, na nossa, nem mexemos com você quando passou de carro, pelo contrário, foi você que fez um gesto nada gentil para a minha amiga e ainda voltou para nos importunar? Pode voar, meu bem! Esta avenida é minha! Não vou aceitar agressões aqui.
Ao ouvir isto, Sérgio dá uma longa gargalhada.
- Esta avenida é o quê? Sua? Uai! Faz-me rir! Tem seu nome aqui, coisa estranha? Beduína! A Prefeitura te deu de papel passado este banco no ponto de ônibus onde você caça homens para leva-los ao mau caminho? Aposto que a vizinhança não vê com bons olhos esta prostituição por aqui. Vou te denunciar por atentado violento ao pudor, hem! Quantas vezes você já levou geral dos homens?
- Meu querido, não é minha vida que está em discussão! Você, por favor, pode se retirar daqui agora! – pede Raven, educadamente.
- Olha aqui, boneca, um dia você não terá ninguém para te proteger, morô! – diz Sérgio com o dedo em riste para Daniel. – E este recado serve para você também, traveco! E você, Teodoro, vê se escolhe melhor suas amizades.
- Ai, tá bom, Sérgio! Já ouvi. Agora, vá embora, vai!
O bofe entra no carro das rachas e sai cantando pneus.

Continua na próxima semana

Edição 973

Abaixo a imagem da edição n.º 973 do CULTURA POP GLS, publicada no Jornal do Sudoeste - São Sebastião do Paraíso/MG, do dia 17 de junho de 2012.



terça-feira, 12 de junho de 2012

novela "Avenida das Bil" - capítulo 4

escrita por NEX SLIM SUMMERS
Esta é uma estória de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou fatos terá sido mera coincidência.

CAPÍTULO 4

Sem ter como se desvencilhar de Daniel, Sérgio tenta ser ríspido.
- Eu só queria te parabenizar por você ter sido um dos promoters deste evento. Paraíso precisa de pessoas assim, que incentivem a cultura! – diz Daniel, olhando fixamente nos olhos de Sérgio.
- Obrigado, mas... Por que não me cumprimentou lá dentro?
- Hum... Bem que eu queria, mas você saiu à francesa, sem falar com ninguém...
- A peça terminou, mas ainda tenho um compromisso com os atores, e já estou atrasadíssimo. Se você já me disse tudo o que queria, eu gostaria de ir...
- Nossa! Para que tanta braveza? Eu não mordo...
- Cara, se você se comportasse um pouco melhor, talvez não fosse necessário eu lhe tratar assim, mas não me resta alternativa...
- Hum... Sei... Mas, se você não fugisse sempre te mim... – e Daniel se aproxima mais e tenta tocar o peito desnudo de Sérgio, que segura com força a mão da mona.
- Se tentar me tocar de novo, eu juro, quebro sua mão, boneca!
- Ui... Vou adorar! – e ela dá uma risadinha. – Você sabe que não vou desistir de tê-lo todinho em meus braços...
- Ah, eu mereço, viu! – e já sem paciência, Sérgio empurra a mona, entra no carro e sai cantando pneus. De uma das janelas do Teatro, Teodoro observa a atitude de Daniel, que também percebe o amigo na sacada. Vê que ele não está com cara de bons amigos e decide ir embora.
- Não sei o que faço com Daniel! Acabei de vê-lo aqui de cima assediando o Sérgio, de novo. – diz Teodoro para Larissa.
- Nossa! O Sérgio saiu pelos fundos para despistá-lo e não adiantou? Aff! O Daniel não emenda. E o Sérgio ainda vai perder a cabeça com ele.
- Pior... Eu vou falar com o Daniel, de novo! Vamos para o jantar?
- Sim! Este sucesso todo da peça me deixou faminta! – e eles riem.

Na casa de Raven Rol, já passava das duas da manhã.
- Wesley, você vai dormir aqui? Já está tarde...
- Não, mas vou terminar de ver este filme e depois me vou, ok!
E após o tórrido babado, ali, deitados na cama, eles adormecem sem perceber. Por algum tempo, Raven observa o corpo seminu do rapaz. Horas mais tarde, o celular da bil toca. Chamada confidencial. Ela levanta-se rapidamente da cama, pega o aparelho e vai atender a ligação na sala, surpreendida com quem estava do outro lado da linha.
- Oi... Liguei para saber como você está! – diz Mat.
- Feliz agora que você ligou...
- Ouvi dizer que você saiu da fábrica. Por que fez isto?
- Não dá para ficar lá. Não consigo mais olhar para as meninas sabendo que foram elas as causadoras de você ter se afastado de mim.
- Errado! Fomos nós mesmos que nos afastamos...
- Nunca mais vou confiar em alguém de novo! E eu nem disse nada a elas, só que estou apaixonada por você!
- Aff, você vai continuar com isto?
- Eu amo você!
- Então guarde este sentimento para você. Só te liguei para me despedir. Estou indo embora desta cidade!
- O quê? Não... Você não vai fazer isto! Por quê? Me diz: por quê? – e sem dar resposta, Mat desliga, deixando a mona aos prantos.

Continua na próxima semana.


Edição 972

Abaixo a imagem da edição n.º 972 do CULTURA POP GLS, publicada no Jornal do Sudoeste - São Sebastião do Paraíso/MG, do dia 10 de junho de 2012.



sábado, 2 de junho de 2012

novela "Avenida das Bil" - capítulo 3



novela escrita por NEX SLIM SUMMERS.
Esta é uma estória de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou fatos terá sido mera coincidência.

CAPÍTULO 3

Teatro Municipal. Final da peça “As Quatro Filhas de Marylin Monroe”, uma produção direto da vizinha cidade de Alfenas para o palco paraisense. Os atores retornam para agradecer o bom público, que os aplaudem de pé!
Na plateia, Daniel olha ao longe. Durante todo o espetáculo, sua atenção e olhares não saíram do palco, fixos em Sérgio. O rapaz auxiliou a equipe da peça na produção local. Sérgio é heterossexual e já havia dito para Daniel que não rolava deles se envolverem, mas a bil, sempre abusadíssima, continuava insistindo.
Ao perceber as olhadas, Sérgio se aproxima de Larissa e comenta:
- Nossa! Olha lá! Aquele cara já tá me secando de novo! Que saco!
- Pior que eu já falei trocentas vezes para ele, mas não adianta. Ele disse que não vai desistir de te conquistar!
- Sai fora, Larissa! Não vira, já falei! Vou sair pelos fundos antes que ele venha para cá. O pessoal da peça vai jantar no Chopani e eu irei com eles. Vamos?
- Claro! Mas vá na frente. Eu falo pro Teodoro que você já saiu.
- Valeu! Beijo e até daqui a pouco! A peça foi um sucesso, né!
- Aleluia! Arrasamos. Tem gente querendo “bis”. Vamos pensar, né!
Sérgio disfarça e sai pelos fundos, mas Daniel percebe a tacada do bofe e resolve ir atrás.

No bairro San Genaro, Raven Hol está em sua casa deitada no sofá assistindo “Priscila, a Rainha do Deserto”, um dos filmes que ela mais gostava. Mas, nem estava prestando atenção nas cenas. Sua cabeça estava em Mat. Minutos depois, batem à porta.

Wesley entra como sempre, sem dizer nada, nem “oi”, apenas pergunta de cara se tem algo para comer. A mona pensa em responder: “tem eu”, mas se contem. Delicadamente ela solta o robe que usava, deixando que o bofe visse que ela estava nua. Wesley não diz nada e encosta-se no sofá.
Instantes depois, Raven volta com alguns petiscos e refrigerante e se aproxima. Ousada, suas mãos percorrem as pernas do rapaz. Ele estava de bermuda e camiseta cavada. Lentamente suas mãos chegam às mãos do bofe. Raven puxa-o pelas mãos. Ele se levanta. Os corpos se encontram. Já excitado, ele morde os lábios da mona, que se entrega ao desejo.
Raven procura não pensar em Mat e ali, longe de olhos, ouvidos e mentes, a mona apaga a luz e se entrega a Wesley.

No Teatro, Adryan liga para Raven a fim de saber por que ela não fora assistir à peça, mas o celular da bil estava na caixa postal.

Nos fundos do prédio, Sérgio sai, abre o carro e guarda seus pertences. Quando ia entrar no veículo, ele é abordado por Daniel.
- O que você faz aí? Tá fugindo de mim, é?

Continua na próxima semana.


novela "Avenida das Bil" - capítulo 2



novela escrita por NEX SLIM SUMMERS.
Esta é uma estória de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou fatos terá sido mera coincidência.

CAPÍTULO 2

A notícia da saída de Mat da fábrica pegou Raven de surpresa e ela fez questão de espera-lo na saída, numa pracinha próxima.

- Já parou para pensar como vai ser para mim entrar todo dia naquele lugar e não lhe ver, Mat?
- E você já parou para pensar como está sendo para mim ouvir comentários maldosos das suas amigas? E não só delas, mas de todos naquela fábrica? Ficam me olhando pelo rabo do olho, dando risinhos, fazendo piadinhas. Sou homem, pô! E, para não arrebentar a cara de alguém ali dentro, prefiro sair. Não dá para mim! Não gosto do meu nome em “bocas de Matilde”, e um pouco disso foi culpa sua, Raven!
- Eu errei, confesso! Confiei em pessoas erradas. Muitas vezes este sentimento me sufoca. Sou boba demais, às vezes...
- Que sentimento, Raven? Para com isso! Somos homens, o que você tem no meio das coxas eu também tenho. Só que eu gosto de mulher, entendeu? Jamais vai rolar nada entre a gente. Não viaja na maionese!
E Mat foi falando, falando, resmungando, xingando e com aquelas palavras, Raven foi se calando, até que ele dá as costas para ela e sai, deixando a bil num conflito de emoções, sensações e sentimentos.
Naquele dia ela demorou a chegar em casa. Ficou andando horas e horas pelas ruas e avenidas paraisenses. Alguns caras que passavam, ora de pé, ora de carro e moto, mexiam com ela, davam assobios, mas ela nem intimidades. Depois de tanto pensar, Raven também decide sair da fábrica.
Sexta-feira. Na Praça dos Imigrantes um grupo de teatro fazia uma reunião. Sérgio e Larissa combinam com Teodoro os últimos detalhes da peça que iria acontecer no Teatro Municipal logo mais à noite. A trilha sonora estava a cargo do DJ Adryan Rose, o mais badalado da cidade.


Preparativos da peça prontos, convites sendo distribuídos e vendidos por Daniel. Tudo indicava que o Teatro estaria lotado, algo raro de se ver, pois a maioria das pessoas não dava a mínima para este tipo de evento cultural, optando mais por festas sertanejas em postos de gasolina... Uó!

Adryan era o melhor amigo de Raven. Liga para a bil para confirmar a presença dela na peça, mas a mona, desanimada, não dá certeza de ir.
- O que houve, Raven? Algum problema em que posso ajudar?
- Não, Adryan! Só estou um pouco indisposta! Vou decidir e te ligo!
- Tá bom, amiga! “As Quatro Filhas de Marylin Monroe” te esperam.
Assim que termina a ligação com Adryan, instantes depois o celular de Raven toca novamente. Era Wesley, primo da mona.
- Oi! E aí? Você tá em casa? Comprou filmes novos?
- Nossa! Você some e quando liga, nem pergunta como a gente está? Dormiu comigo por acaso?
- Hiii, nem começa com estas frescuras! Detesto cobranças e estas formalidades!
- O pior é que eu estou cansada de saber disso! Tem uns filmes aqui.
- Beleza! Tô passando aí já, já!

Continua na próxima semana.


Edição 971

Abaixo a imagem da edição n.º 971 do CULTURA POP GLS, publicada no Jornal do Sudoeste - São Sebastião do Paraíso/MG, do dia 3 de junho de 2012.